sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pastor adventista é autor de texto achado na casa do atirador do Realengo

Pastor adventista é autor de texto achado na casa do atirador do Realengo






Um pastor adventista que mora na Bahia é autor de pelo menos um dos textos religiosos encontrados na casa de Wellington Menezes de Oliveira, 23, o atirador que invadiu a escola municipal Tasso da Silveira, na zona oeste do Rio, e matou 12 crianças na última quinta-feira (7). Uma missa e um ato ecumênico foram realizados nesta quarta-feira, no Rio, em homenagem às vítimas.

Havia pelo menos três textos de caráter religioso na casa de Wellington –leia todos eles aqui. Os temas dos textos do pastor eram inferno, alma e espírito, e morte e ressurreição. Nenhum deles induz a ataques homicidas nem faz apologia à violência.

Além desses impressos, a polícia também recolheu textos escritos de próprio punho pelo atirador, nos quais ele tece considerações sobre religião e conceitos de bem e mal.

Um trecho diz: “[...] faço todos os dias minha oração do meio-dia que é a de reconhecimento a Deus e as outras cinco que são de dedicação a Deus e umas 4 horas do dia passo lendo o Alcorão [...] e algumas vezes medito no 11/09″.

Em outro trecho, o atirador registra: “meu tempo livre entrego a Deus ao invés de entregar aos prazeres passageiros do mundo… e sei que Deus olhará para meu sacrifício e minhas ações neste mundo com muito favor e satisfação e sei que serei muito bem recompensado.”

Procurado pela Folha, o pastor Demóstenes Neves da Silva, 53, confirmou a autoria do texto sobre o inferno e afirmou ser “muito provável” que os demais também sejam dele. Silva contou que até 2003 respondia perguntas de internautas sobre religião em um site adventista.

“Escrevi tanta coisa naquela época que não lembro de tudo, mas são temas correlatos e creio que todos sejam meus.”

O site ainda existe, mas o pastor não participa mais dele. Atualmente não é possível acessar nenhum de seus textos –segundo o pastor, por questão técnica. Mas outros sites copiaram e mantêm os textos no ar.

O pastor não faz pregações regulares porque se dedica exclusivamente à atividade docente nas Faculdades Adventistas da Bahia, na cidade baiana de Cachoeira (105 km de Salvador).

“Uma atitude dessa [o ataque do atirador] só pode ter sido cometida por alguém com um desvio muito sério”, avalia Silva.

Fonte: Folha

extraido do O VERBO



ASSASSINO DO REALENGO FOI O ANJO DA MORTE DE UMDEUS LOUCO, AFIRMA ARNALDO JABOR

Arnaldo Jabor, comentarista do Jornal da Globo e da Rádio CBN, afirmou em sua coluna no Jornal que a tragédia em Realengo foi um massacre religioso e que Wellington Menezes de Oliveira foi o anjo da morte de um deus louco.

O colunista analisa os dizeres confusos e a mistura de religiões que o assassino deixou na carta de suicídio. Querendo afirmar que Deus não existe, Jabor fala sobre a criação da figura de Deus. “Na história do mundo a ideia de um Deus foi essencial para nomear o inconsciente humano e para saciar o nosso desejo de eternidade. Sem a ideia de Deus a civilização seria impossível”.

Mas para ele, hoje, essa figura criada não serve mais para consolo, pois virou um agente de terror. “Só que, com a falência da felicidade no mundo incompreensível de hoje, Deus pode deixar de ser uma fonte de consolo e se transformar em um agente do terror”, disse.

Ele diz também que o episódio fez reaparecer o deus que queimou feiticeiras na Idade Média, o deus do Irã que apedreja mulheres e outros exemplos como os atentados de 11 de setembro. Casos como esse, de acordo com o colunista, fazem surgir o deus da morte e mostra que estamos sozinhos diante de um Deus ausente.

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