domingo, 1 de maio de 2011

A essência do amor Imprimir
FONTE - Escrito por Jerônimo Mendes

Ninguém tem mais amor do que aquele que dá a vida por seus amigos, disse Jesus há dois mil anos. Sinceramente, não conheço uma viva alma no mundo de hoje disposta a realizar essa máxima. Isso é muito forte, difícil de conceber, doloroso. Dar a vida por alguém choca nossa ambição e orgulho.

O que nos agrada é ser amados, sorrir para quem nos elogia, retribuir de acordo com o que recebemos, ser felizes, reconhecidos e respeitados pela força ou pela posição ocupada na sociedade. Diante de tais circunstâncias sempre dizemos que amar é mais fácil e gostoso. Não chega a ser mentira, mas não é a verdade absoluta.

O homem sonha viver rodeado de pessoas a exaltar o amor e o otimismo para amenizar a própria frustração de não conhecer sua essência na íntegra. O mundo moderno tornou-o frio e indeciso. Tudo que exige dele maior sacrifício é digno de hesitação e adiamento.

Amar não é tão simples. Ao contrário, é algo tão difícil quanto pensar e agir, mais ainda se considerarmos a profundidade do seu conceito relacionado a dor e sacrifício. Quanto mais difícil a causa alheia, maior a capacidade de amor exigida.

Fácil é amar quem nos ama, quem fala bem da gente, quem nos presenteia e nos liga de vez em quando, quem se aproxima de nós por interesse, quem se apresenta bem vestido, limpo e perfumado, entre quatro paredes, na moldura de uma cama, quem se dispõe a nos fazer companhia numa mesa de bar.

Difícil é amar o mendigo a nos importunar na porta de casa, no sinaleiro da esquina, na saída do restaurante. Difícil é suportar a dor de ver o filho doente, o viciado que nos envergonha, o inválido na cadeira de rodas, o bandido em coma no hospital, o desequilibrado numa camisa de força, o condenado em condições subumanas na penitenciária. É um fardo cujo peso não estamos preparados para carregar.

A falta de amor tem suas conseqüências. Pessoas que não se sentem amadas são mal-humoradas, inseguras, têm baixa auto-estima e complexo de inferioridade. Não raro são carentes, exibicionistas, ansiosas.

Pessoas sem amor carregam sentimentos de culpa, dependem muito da opinião alheia, são medrosas, agressivas, ciumentas e vivem se condenando pelos erros do passado.

Contrários à lei divina, somos o resumo das nossas experiências condicionais desde o dia em que deixamos o conforto do útero materno e construímos o princípio equivocado de que valemos pelos bens acumulados e não pelo que somos.

Isso é o que podemos chamar de amor condicional. Se vamos bem no estudo, somos valorizados; se nos comportamos de acordo com a lei somos elogiados; se não causamos maiores problemas somos acolhidos na sociedade; esquecemos que Deus nos ama como somos.

Durante a vida aprendemos a valorizar somente as pessoas que fazem as coisas bem feitas e a rotular aquelas não sintonizadas com o nosso modo de pensar e viver. Por essa razão enxergamos nos outros mais defeitos do que qualidades. Dificilmente nos alegramos com a prosperidade e o sucesso alheio.

A banalização da fé e do relacionamento humano está jogando o amor pelo ralo da pia. Nunca se falou tão pouco de amor, de perdão e de esperança. As pessoas estão se recolhendo, assustadas com a avalanche de besteiras e estatísticas negativas despejadas todos os dias pela mídia que toma o seu tempo sem piedade.

A profecia do caos é a sensação do momento por conta de mais alguns pontos nas pesquisas de opinião. O medo nos torna reféns dentro de casa e assusta nossa própria imagem no espelho.

Sem amor temos dificuldade para lutar contra a própria mente pessimista. A reação é mínima. Falta-nos coragem para destruir a síndrome imaginária do Apocalipse. Falta-nos fé e quando não há fé, não há amor, não há perdão. Falta-nos o brilho sincero nos olhos.

A verdade está dentro de nós, porém é feia e deselegante. Não temos vocação para amar as coisas difíceis que provocam dor e sofrimento. Preferimos o óbvio e recusamos qualquer imagem que perturbe a nossa vã consciência. Quem seria capaz de perdoar o próprio agressor ou o assassino do filho? Conta-se nos dedos.

O amor sempre faz a diferença. Quem ama não adoece nem se sente inferior às demais criaturas. Quem se sente amado quer viver, ser feliz, contribuir de alguma forma. Quem não ama carrega o hábito de infernizar a vida alheia e, por vezes, um desejo profundo de morrer, simplesmente para chamar atenção e entrar para a história.

O mundo é repleto de casamentos por conveniência, filhos indesejados, pais que não dão a menor importância para filhos deficientes, pessoas que se dizem amigas simplesmente para fazer parte da alta sociedade. Por outro lado, há uma carência enorme de voluntários capazes de amar seus inimigos e perdoar seus algozes.

Os homens em geral são hipócritas, pois guardam um rancor infundado por anos e anos contra seus desafetos. Ironicamente, vivem pedindo a Deus para ajudá-los a livrar-se desse mal que somente o próprio homem pode curar.

A essência do amor consiste em perdoar quem nos calunia ou odeia, quem nos ofende ou agride.A própria existência é um ato de amor. O amor vem do ventre, mas também se aprende com a prática, portanto, deve ser alimentado, caso contrário não justifica a presença do homem na Terra. Pense nisso e seja feliz!





Nenhum comentário:

Postar um comentário