quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

CASO ALANIS - ESTUPRADOR CONFESSA O CRIME


PRESO NO TERMINAL

Estuprador confessa o crime

A chegada do acusado à Superintendência da Polícia Civil foi tumultuada. Antônio Carlos Xavier, o ´Casim´, desceu do camburão cercado por dezenas de inspetores e militares
Do lado de fora da sede da Polícia, populares se aglomeraram. Muitos gritavam pedindo justiça e outros exigindo a morte do acusado. O Batalhão de Choque da PM montou um cordão de isolamento
Primeira prisão: em janeiro de 2001, o Diário publicou a matéria sobre a captura do ´Maníaco do Canal´
Imagem do preso: o acusado agora está recolhido em uma cela isolada, no Departamento de Inteligência Policial (DIP)
13/1/2010
Passageira se deparou com o acusado dentro de um ônibus depois de ver a foto dele publicada pelo Diário do Nordeste

Após cinco dias do rapto e da morte da menina Alanis Maria Laurindo, 5, terminou, na manhã de ontem, no Terminal do Siqueira, a caçada ao suspeito do crime que comoveu todo o Estado. Antônio Carlos dos Santos Xavier, 30, o ´Casim´ ou ´Maníaco do Canal´, foi detido por guardas municipais após ser reconhecido por uma mulher que viajava no mesmo ônibus em que ele estava. A passageira havia visto a foto do acusado, publicada, com exclusividade, pelo Diário do Nordeste.

A PM foi acionada e o suspeito foi identificado e levado para a Superintendência da Polícia Civil, no Centro, onde foi autuado em flagrante por receptação, por portar um aparelho celular, que, segundo a Polícia, havia sido furtado por ele no dia anterior. Contra ´Casim´, também foi expedido um mandado de prisão por conta de sua fuga na Colônia Agro-Pastoril do Amanari, no dia 27 de maio de 2008. Lá, ele cumpria pena em regime semiaberto por outros crimes de estupro contra crianças no início desta década.

A primeira prisão do acusado aconteceu em janeiro de 2001, época em que ele foi acusado de estuprar uma criança, no bairro Autran Nunes. Na manhã de ontem, o acusado estava em um ônibus que fazia a linha Grande Circular 2, quando foi reconhecido pela passageira. Segundo um dos guardas municipais, assustada com a descoberta, a mulher, cuja identidade foi preservada pela Polícia, ligou para o marido (via celular) pedindo orientação sobre o que fazer.

O marido da passageira sugeriu que ela ligasse para a Polícia ainda dentro do ônibus. Contudo, ela tentou e não conseguiu falar com o delegado Lira Ximenes, titular do 12º DP (Conjunto Ceará) e encarregado do inquérito sobre o caso. Ao falar novamente com o esposo e contar a tentativa fracassada de acionar os policiais, ele a orientou a quando chegar ao terminal procurasse os guardas municipais e apontasse o homem suspeito. Foi o que ela fez. Quando desembarcou no Terminal do Siqueira, a mulher correu ao encontro da patrulha da Guarda Municipal, formada pelo subinspetor Antônio Aderaldo Cintra e pelos guardas Aílton Guedes e Paulo César, e revelou a sua suspeita. Os guardas agiram rápido e, antes que ´Casim´embarcasse em outro coletivo, eles fizeram a detenção e o levaram para uma sala de apoio. Lá, quando pediram ao acusado algum documento de identidade ele tentou fugir. Os guardas usaram spray de pimenta e algemaram o suspeito. De acordo com o major Paulo Sérgio Braga Ferreira, comandante da 4ª Companhia do 6º BPM (Conjunto Ceará), após a prisão pela Guarda Municipal, a patrulha do Ronda do Quarteirão RD-1055 foi ao local e fez a consulta sobre a real identificação do suspeito. Após fornecer um nome falso, ´Casim´, se entregou e foi levado dali pelos policiais militares.

Linchar

A Reportagem acompanhou toda a movimentação dos policiais após a prisão. Antes de ir para a Superintendência da Polícia Civil, o acusado foi levado até a casa de sua namorada, no bairro Genibaú, onde os PMs confirmaram a informação de que o aparelho celular que estava com ele havia sido furtado de uma vizinha.

Enquanto os PMs obtinham a confirmação do furto, a vizinhança começou a se revoltar e a gritar, ameaçando linchar o acusado.

FRIEZA NO DEPOIMENTO
"Dei pipoca e água para ela"

Ao ser interrogado, Antônio Carlos Xavier contou com detalhes de como atraiu a menina e a levou para o matagal

Em depoimento na Polícia Civil, o acusado da morte da pequena Alanis não demonstrou nenhum arrependimento. Frio, disse que "ofereceu" pipoca e água à menina para afastá-la dos pais e levá-la para longe do pátio da Igreja Nossa senhora da Conceição, no Conjunto Ceará, onde a criança brincava, na noite da última quinta-feira, dia do rapto seguido de morte.

Depois, segundo ele, a levou para o matagal, onde abusou sexualmente e matou a garota. A informação foi repassada à Imprensa pelo superintendente da Polícia Civil, delegado Luiz Carlos Dantas, durante entrevista coletiva concedida ainda na manhã de ontem no auditório da Superintendência.

"Ele contou que, durante todo o tempo em que permaneceu com a criança, dizia que estava levando-a para casa", disse Dantas. ´Casim´ foi ouvido no Departamento de Inteligência Policial (DIP) e autuado em flagrante por receptação (estava com um celular furtado), quando confessou o crime na presença dos delegados Lira Ximenes, titular do 12º DP (Conjunto Ceará); e Ivana Timbó, da Delegacia de Combate à Exploração a Criança e Adolescente (Dececa).

Durante a coletiva, o delegado Lira Ximenes não quis entrar em detalhes sobre o teor do depoimento do acusado, mas argumentou, "o que ele conta, bate com a linha de raciocínio da investigação. Que horas ele levou a menina da Igreja? Qual percurso que fez? Todas essas coisas estão batendo com o que ele está dizendo", afirmou. Apesar do flagrante por receptação, o delegado vai solicitar nos próximos dias a prisão preventiva do acusado.

´Casim´ foi submetido a exame de corpo de delito no DIP e também foi colhida uma amostra do seu DNA por legistas de Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). O material será comparado às amostras retiradas do corpo da menina durante o exame de necropsia. O resultado deve ficar pronto em 30 dias. Conforme Dantas, o acusado permanecerá na Superintendência da Polícia Civil.

CONDENADO
"Casim" fugiu após sete anos na cadeia

Condenado a 23 anos de prisão por crimes de estupro e atentado violento ao pudor, Antônio Carlos Xavier, o ´Casim´, escapou da Colônia Agro-Pastoril do Amanari em maio de 2008. Até então, ele havia passado cerca de sete anos em regime fechado, dentro de um presídio, mas acabou sendo beneficiado pela progressão de regime, direito que todo apenado tem, de acordo com o que determina a Lei das Execuções Penais.

Na Colônia, aproveitou a pouca segurança existente ali e fugiu. Voltou a morar no Genibaú, mesmo bairro onde, em 2001, violentou várias meninas entre 5 e 8 anos de idade.

O delegado Francisco Braguinha de Sousa, hoje titular do 1º DP (Ellery), conta que, na época (janeiro de 2001) do primeiro fato era titular do 3º DP (Otávio Bonfim), mas recebeu a missão de investigar os crimes atribuídos ao ´Maníaco do Canal´ e acabou prendendo-o. "Ele estava escondido na Favela São Miguel II, em Caucaia", diz. Levado para a delegacia, o acusado contou friamente como raptou a menina E.M.M., no bairro do Genibaú e a levou até o terreno baldio, no bairro Pio Saraiva, onde concretizou o crime. A menina só não foi assassinada porque desmaiou. O estuprador, então, fugiu, achando que ela já estava morta. Horas depois da fuga do acusado, populares encontraram a menina agonizante, com diversas lesões e até lama na vagina.

Mandado

Diante da repercussão que o caso vem obtendo junto à opinião pública do Estado, a Justiça começou a se posicionar. Ainda ontem à tarde, o juiz da Vara das Execuções Criminais, Corregedoria de Presídios e Habeas Corpus, Luiz Bessa Neto, expediu um mandado de prisão contra o acusado e determinou que ele seja recolhido ao Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira II (IPPOO II). Na próxima terça-feira, o acusado será conduzido ao Fórum Clóvis Baviláqua.

ENTREVISTA
Assassinato gera indignação
População se revolta

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