No trânsito, a ingestão de bebida alcoólica está entre as
principais causas de acidentes fatais. No ano passado, o Detran registrou mais
de 2,5 mil infrações com base na Lei Seca. Neste ano, já foram 790
registros
KID JÚNIOR
De acordo com estudo realizado pelo
Sistema de Informação sobre Mortalidade (Sim), do Ministério da Saúde, o Ceará é
o segundo Estado do País com maior número de mortes por alcoolismo, com 0,77% de
mortes para cada 100 mil habitantes. No trânsito, por exemplo, a ingestão de
bebida ao volante está entre as principais causas de acidentes.
No
ano de 2011, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE) registrou 2.547
infrações com base na Lei Seca no Ceará. Neste ano, até o último domingo, já
foram registrados 790 casos.
O
consumo exagerado e a dependência do álcool geram males não apenas ao organismo,
mas também são causadores de problemas pessoais, familiares e sociais. A partir
desta perspectiva, a Igreja Católica lançou, na manhã de ontem, a Semana
Nacional Contra o Alcoolismo, uma campanha coordenada pela Pastoral da
Sobriedade no Ceará, com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre os
malefícios e impactos negativos gerados pela bebida alcoólica.
A
campanha vai até o dia 19 de fevereiro. Com o tema "Alcoolismo, questão de saúde
pública", a pastoral tem como principal público alvo os jovens entre 13 e 17
anos, em virtude da proximidade do feriado do Carnaval. Durante a semana, serão
promovidas palestras educativas em escolas da rede municipal e estadual de
ensino. A primeira a receber os agentes da pastoral foi a Escola de Ensino
Fundamental e Médio Fernando Cavalcante Mota, na Barra do Ceará.
De
acordo com coordenador regional da Pastoral da Sobriedade, Rogério Melo, cerca
de 45 % dos jovens experimentam drogas pela primeira vez por curiosidade ou
falta de informação e, por isso, o trabalho de educação é muito importante.
O
coordenador afirma que a campanha já é realizada há três anos em escolas,
empresas, igrejas e comunidades, sempre com o foco na prevenção, e que a
expectativa, para essa semana, é que os trabalhos alcancem cerca de 50 mil
pessoas.
Melo
afirma que a campanha tem boa aceitação pelo público, inclusive por parte dos
jovens, que se mostram interessados e interagem positivamente nas palestras,
contudo, segundo ele, este é um trabalho que ainda tem um grande campo para se
desenvolver. Ainda conforme o coordenador, o diferencial da campanha, em
comparação a outros grupos de combate às drogas, é a mensagem de
evangelização.
O
agente da Pastoral da Sobriedade, Carlos Cavalcante, 48, já esteve nessa
situação e alerta: "a bebida é muitas vezes a porta de entrada para outras
drogas". Segundo ele, o trabalho da pastoral foi determinante para a sua
motivação ao abandono do vício. "Comecei a beber aos 14 anos. Hoje, sou uma
pessoa em recuperação, estou sóbrio há 8 meses", destaca.
Para
a professora Sílvia dos Santos, 34, que há 16 leciona para crianças e jovens,
projetos como estes deveriam ser uma constante no ensino do País. "Muitos destes
jovens convivem com essa realidade no dia a dia. O debate deveria ser
obrigatório nas escolas", afirma.